O Surto de Coronavírus Pode Afetar a Nossa Libido?
As pessoas costumam reagir de várias maneiras às doenças. Algumas são totalmente apavoradas, outras não estão nem aí, outras tentam encontrar um senso de realidade de forma equilibrada, mas é impossível um surto mundial de gripe não mexer com o nosso estado psicológico.
Eu, por exemplo, sou médico e atendo muitas pessoas que não sei se estão infectadas ou não. Muitas mentem sobre o estado de saúde. Posso ser infectado a qualquer momento. Não tenho como parar de trabalhar. Como não ficar estressado nesta situação?
A sexualidade é afetada por todos os aspectos psicossomáticos de nossa vida. Os estados ansiosos abaixam nossa imunidade. Se por um lado ter uma boa vida sexual melhora a resposta imunitária por outro lado a tensão emocional pode diminuir nosso desejo sexual.
Uma pessoa gripada não pode se aproximar das outras. O sexo, uma das coisas que se poderia fazer para melhorar, precisa ser evitado para não contaminar o(s) parceiro(s). Isso pode causar depressão, diminuir mais o desejo. Perguntam-me se o coronavírus é de transmissão sexual. A resposta mais comum seria dizer que não é, pois não se transmite pelo esperma ou pelas secreções vaginais(até onde se sabe); mas alguém faz sexo sem encostar no outro, sem beijar, sem dar as mãos? Logo a resposta mais correta é: sim, se você considera o sexo além dos genitais.
Eu sou médico e estou em contato com pessoas doentes e ambiente comunitário, posso me contaminar sem saber e não ter sintomas. Posso contaminar meus familiares, posso sentir que devo me afastar deles e principalmente da minha esposa, a pessoa com quem tenho relacionamento mais íntimo, pois meus filhos já não moram comigo.
Mas suponhamos que nós dois, eu e minha esposa, estejamos infectados. Bom, se já estamos com o vírus podemos ter relações sexuais. Sim? Em tese, pois se compartilharmos nossos vírus eles se multiplicarão em dobro e poderemos aumentar a doença um do outro. Se estivermos enfraquecidos e desidratados (coisa que toda doença virótica provoca) poderemos ter desidratação com o exercício, pois o sexo é um exercício vigoroso. Uma pessoa solteira que tenha sexo casual ou múltiplos parceiros estará muito propensa a contrair o vírus, pois ninguém imagina pessoas fazendo sexo de máscara, e mesmo que fizessem o vírus se propaga pelo contato físico, como já sabemos .
Embora o coronavírus não seja muito perigoso para pessoas jovens(a maioria das pessoas que morre é maior de 60 anos) os jovens são os maiores responsáveis pela disseminação em massa, pois são os que mais tendem a frequentar lugares públicos e transportes coletivos e também empresas onde há muita gente trabalhando junta. Imagino então que a paralisação mundial por um vírus significa também a paralisação sexual da humanidade. Coisa triste, não é?
A boa notícia é que todo surto virótico tem fim, pois há uma formação de resistência a ele, mais cedo ou mais tarde. Minha amiga conseguiu ver o lado bom da coisa. Se o casal não está infectado e é de risco baixo então terá aquele tempo que faltava para ficar em casa, vendo filmes na TV, tomando uma bebidinha(se for o caso) e aí, o sexo será uma boa opção. O lado ruim: a pessoa trabalhava muito para se afastar de casa, ter menos problemas familiares, fugir dos conflitos. Agora não vai ter como.
Sugiro que todos acreditemos nas medidas protetoras contra o vírus( um professor meu sempre me falava esta pérola: seja solidário e acredite em micróbios e você será feliz), protejam-se ao máximo, sigam as recomendações dos médicos e das instituições de saúde, tentem viver uma vida o mais normal possível, pois todo surto de doenças passa com o tempo, na medida em que nos adaptamos a ele e criamos resistências individuais e coletivas. Desta forma protegemos também a nossa vida sexual, que está inserida no contexto de nosso ambiente.
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