Como Melhorar a Baixa de Libido provocada pela Pílula Anticoncepcional
O tema é um
pouco árduo mas espero que me acompanhem até o fim. Para as mulheres que estão
sofrendo com este problema ele pode interferir em muitos aspectos da vida
pessoal e conjugal. Pode provocar ansiedade e depressão. Pode afetar a vida conjugal.
Primeiro gostaria
de mostrar como os anticoncepcionais orais combinados
(pílulas anticoncepcionais
compostas de dois hormônios ovarianos: estradiol e progesterona) podem diminuir a
libido.
Basicamente
isto ocorre de duas maneiras.
A primeira
delas é através da interferência do hormônio estradiol com uma proteína que o
transporta através do sangue, chamada SHBG(sigla em inglês, significa Steroid
Hormone Binding Globulin), em português traduzimos como proteína transportadora
de hormônios esteroides. Os hormônios ovarianos são chamados de esteroides porque
derivam do colesterol.
Ocorre que
nem o estradiol nem a testosterona, que é o principal hormônio da libido, podem
circular no sangue sem esta proteína, SHBG, ambos dependem dela.
Ela os
transporta até os órgãos-alvo, locais onde eles executarão suas funções.
Pois bem, os
anticoncepcionais podem estimular uma produção excessiva de SHBG e a aquela parde dela que não se
ligar ao estradiol se ligará à Testosterona. O segundo ponto é que a
Testosterona ligada ao SHBG não faz efeito, somente quando ela se livra
dele. Havendo muita SHBG disponível há mais testosterona ligada do que livre. Os anticoncepcionais orais podem
produzir, então excesso de Testosterona ligada ao SHBG em relação à
testosterona livre e por isso torna grande parte dela inativa. Desta forma, se a causa da baixa de
libido for excesso de SHBG(esta proteína pode ser dosada no sangue) as
medidas devem ser no sentido de abaixá-la.
A segunda maneira
pela qual os anticoncepcionais orais podem diminuir a libido é através da ação da
progesterona.(Este mecanismo eu expliquei em meu vídeo de meu canal no youtube sexualidade
feminina), o qual está disponível neste blog, basta acessá-lo no menu
principal.
Como
expliquei lá, as progesteronas dos anticoncepcionais orais são de quatro
gerações sendo que as de primeira e segunda geração têm um componente na
fórmula chamado 19-nor. Este componente faz com que estas progesteronas se transformem, em
parte, em testosterona. Nesse caso elas interferem pouco na libido, entretanto seus
efeitos colaterais indesejáveis derivados da testosterona podem aumentar. Somente dez a vinte por cento
das mulheres terão estes efeitos indesejáveis mais preponderantes. Então, a
segunda forma de melhorar a libido é trocar um anticoncepcional de terceira
ou quarta geração (caso seja um deste tipo o que a mulher esteja usando) por um
de primeira ou segunda geração.
Fazer isto
pode resolver o problema ou não, porque: estas pílulas, mesmo sendo de primeira
geração, também contêm o componente estradiol, que afeta a libido através do SHBG,
como expliquei.
Uma opção
bem eficaz é suspender o uso do anticoncepcional oral por um tempo (três meses,
em média). Para aquelas mulheres que se adaptarem ao uso do preservativo neste
período a pausa pode ser interessante. Em geral, a queda da libido só se dá após
um tempo mais prolongado de uso do anticoncepcional, então ao retornar a ele em três
meses a libido não irá piorar novamente em curto período.
Mais uma
opção, para aquelas que não se adaptam ou têm medo de usar apenas preservativo,
pode ser mudar para um anticoncepcional oral sem estradiol. Sim, eles existem,
o inconveniente, se é que podemos chamar isso de inconveniente, é suspenderem as
menstruações.
Estas pílulas
sem estradiol são feitas das progesteronas de primeira e segunda geração e afetam
menos a libido, pelos motivos que já expusemos, porém poderão provocar os
efeitos colaterais da testosterona que produzem a reboque da progesterona.
Estes efeitos colaterais não ocorrem na maioria das usuárias, como também já expliquei.
Mais uma
opção: trocar por anticoncepcional que utiliza outra via de administração que
não seja a oral.
As
medicações orais têm um fenômeno chamado de “passagem hepática”. No fígado
sofrem uma transformação, e nesta transformação é que passam a produzir mais
SHBG, além de outras variáveis. No caso de se utilizar outra via:
intramuscular, subcutânea, intradérmica, transdérmica, vaginal ou intrauterina,
os efeitos colaterais podem ser menores. A mudança da via não garante melhora da libido, é uma opção que pode dar
certo ou não.
Mais uma
opção: trocar por um DIU de cobre ou de prata. Este tipo de DIU não interfere
com os hormônios e se a mulher não tiver contraindicações para usá-lo pode
servir como uma forma de diferenciar se a baixa da libido é realmente ligada a
hormônios ou não.
As opções citadas
acima são as principais. Podem haver outras, dependendo do caso.
Temos que
lembrar sempre que a sexualidade é uma função sistêmica e psicossomática, e que
embora ainda não tenhamos ficado livres de nossas influências hormonais, muitas
outras variáveis (ambientais, sociais, psicológicas, contextuais, conjugais,
etc.), podem estar presentes na mesma situação em que a mulher utiliza
anticoncepcionais.
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