FLUOXETINA E A LIBIDO, OU: FOI O QUE VOCÊ TINHA?
A medicina não tem dúvida de que
os antidepressivos têm efeito seguro e eficaz, não só na depressão, mas também
em várias outras doenças psiquiátricas. A fluoxetina, quando lançada,
chamava-se PROZAC e foi celebrada pela mídia como a pílula da felicidade.
Podemos dizer que ela “quase” cumpriu o seu papel, não fosse por um pequeno
detalhe: a fluoxetina atrapalha o sexo.
Hoje há várias drogas da “família
fluoxetina”, com efeitos semelhantes e avanços (paroxetina, fluvoxamina,
sertralina, escitalopram, citalopram) mas todas elas têm o mesmo defeito:
atrapalham a sexualidade. Este achado é constante em todos os trabalhos
científicos e a porcentagem de problemas sexuais entre as pessoas que usam os
remédios da família fluoxetina varia de 30 a 70%.
Numa lista de efeitos colaterais citados em
trabalhos médicos os problemas sexuais figuraram como os principais do grupo dos ISRS( nome científico dado aos
medicamentos do grupo da fluoxetina, listados acima). No cômputo geral
problemas sexuais representam 56% das reclamações dos usuários destas
drogas(SOUZA C. A. C.Psyquiatry on line Brasil, novembro, 2017,veja o quadro no final), e são de longe
a maior queixa.
Não há
um efeito sexual específico causado pelos fluoxetinos( inventei esse nome para a família). Tudo pode
acontecer: impotência no homem, retardo da ejaculação, diminuição do desejo
sexual masculino ou feminino, secura vaginal, dificuldades da mulher para ter
orgasmo, portanto, a pílula da felicidade não te faz feliz nesta área.
O dilema
dos médicos é falar ou não falar para os clientes sobre isso. A depressão é uma
doença grave, que mata, pois os deprimidos podem se suicidar, perder emprego,
perder relacionamentos, ter acidentes de automóveis, descuidar da saúde física, viciar em drogas ilícitas, fazer sexo inseguro, e, ao que parece, tudo isso é mais importante do que fazer sexo. Da mesma forma
a própria depressão pode ser a causa do abandono sexual, porque as pessoas
deprimidas perdem o elã vital tão necessário ao envolvimento sexual. Além do
mais, diante da falta de desejo sexual e dos outros problemas a pessoa pode
piorar da depressão, por rejeitar ou se sentir rejeitada por seu parceiro
sexual.
- Ok, você veio aqui para nos mostrar nossa
desgraça, vocês devem estar pensando.
-Vá praquele lugar, devem estar me mandando também.
Olha,
gente, não há remédio sem efeito colateral. Os remédios são venenos com algum
efeito terapêutico, eu digo sempre para os pacientes e para mim mesmo. É que
nem sempre dá pra ficar sem eles, Há uma coisa chamada custo-benefício. Sem
eles é pior do que com eles.
Posso
afirmar que há formas de se burlar esses efeitos ruins dos fluoxetinos, mas só os
médicos podem indicar. Eu posso dizer quais são: alguns destes
medicamentos podem ser interrompidos,
por exemplo, nos finais de semana, pra uma melhorada no sexo( mas atenção, nem
todos da família podem ser interrompidos, por isso o médico é que vai dizer
qual pode e qual não pode) ; Há antídotos, há medicamentos que são capazes de
inibir esse efeito ruim da fluoxetina(outros antidepressivos de outras
famílias), há opções alternativas que podem incrementar a relação sexual( que
podem melhorar a ereção, a lubrificação vaginal, o orgasmo) e há também
hormônios que ajudam a melhorar, tudo isso sendo prescrito adequadamente pelos
médicos que entendem do assunto. A sexualidade é complexa, vejam que se há 56%
de pessoas que têm problemas sexuais com os “fluoxetinos”, há 44% que não têm. Outra
coisa, está provado que a psicoterapia cognitiva é capaz de curar a depressão
tanto quanto os remédios, e esta não causa problemas sexuais. Associar a terapia com a medicação também pode ajudar a reduzir a dose e o tempo da medicação( o efeito colateral é proporcional á dose e ao tempo de uso)
A
depressão é a doença do século, a sexualidade é um antídoto para a depressão, a
vida não se faz só de sofrimento nem só de prazer. É preciso sempre buscar um
equilíbrio e uma qualidade de vida, isso será o mais importante para evitarmos
as drogas, quando for possível, e desfrutar, como diz um amigo meu, da droga
mais potente: a lucidez.
Incidência dos efeitos colaterais dos antidepressivos ISRS(família da fluoxetina)
fonte: Psychiatry on Line, Brasil
ANTIDEPRESSIVOS E DISFUNÇÕES SEXUAIS – Parte Final
Carlos Alberto Crespo de Souza Novembro de 2012 - Vol.17 - Nº 11
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